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domingo, 30 de agosto de 2015
A ROTA DOS ESCRAVOS: UMA VISÃO GLOBAL
“A rota do escravo: uma visão global” é um documentário educativo dirigido por Georges Collinet com apoio e patrocínio da Unesco. Com depoimentos de historiadores de diversos países, apresenta um panorama histórico da escravidão desde o início da Era Cristã com o comércio de escravos pela rota rota transaariana em direção ao mar Vermelho e Oceano Índico .
Segundo Jocelyn Chan Low, historiador da República de Maurício, o comércio humano não se limitou a africanos mas envolveu também escravos da Índia, da Malásia e do sudeste da Ásia cujo centro estava na ilha de Madasgascar. Africanos do leste vindos da região do Chifre da África (atuais Somália, Djibouti, Eritreia e Etiópia) foram levados como escravos ou migraram como comerciantes ou soldados para a Índia onde eram conhecidos como “siddis”.
O Império Otomano (século XVI ao XIX) também praticou o comércio de escravos que incluía tanto caucasianos (escravos brancos, portanto) quanto africanos. Hoje, descendentes de africanos são encontrados em várias partes da Turquia.
O comércio escravo realizado pelos europeus foi inicialmente voltado para a Europa (século XV) e décadas depois foi estendido à rota atlântica para abastecer as lavouras das colônias americanas. Entre os séculos XVI e XIX, cerca de 11 milhões de africanos foram enviados para as Américas, algo em torno de 500 e 700 mil cativos por ano! Populações de origem étnica diversa, sem homogeneidade cultural, política e social e que sequer se consideravam como “africanos”. O comércio humano, contudo, ignorou suas identidades culturais.
A primeira revolta de escravos africanos
O documentário “A rota dos escravos: uma visão global” salienta que a primeira grande revolta de escravos africanos conhecida aconteceu no Iraque. Foi a Revolta de Zanj, que se estendeu de 869 a 883. Milhares de escravos africanos do leste da África que trabalhavam nas salinas no sul do Iraque se juntaram a outros grupos e lutaram contra a escravidão. Formaram seu próprio estado com capital em Al-Mukhtâra, às margens do Golfo Pérsico, e durante quatorze anos desafiaram seriamente o Califado Abássida.
A primeira república negra
Em 1781 tiveram início as revoltas escravas em São Domingos (atual Haiti), colônia francesa no mar do Caribe. Sob liderança do ex-escravo Toussaint L’Overture, foi proclamado oi fim da escravidão. A captura do líder negro não pôs fim à luta. Em janeiro 1804, Jean-Jacques Dessalines e outros generais negros proclamaram a independência da colônia. O Haiti se tornou a primeira república negra do mundo e o primeiro país das Américas a abolir a escravidão.
A maior revolta escrava do Brasil
Os africanos e descendentes escravizados no Brasil resistiram de várias maneiras ao cativeiro. Há registros de revoltas escravas em diversas províncias, especialmente na Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A maior delas ocorreu em Salvador, em 1835, organizada por africanos de origem muçulmana pertencentes às etnias hauçá e iorubá (ou nagô). Foi o Levante dos Malês que resultou em cerca de 80 mortos, centenas de feridos e presos. Os líderes foram torturados e enforcados em praça pública. Os demais condenados foram vendidos para outras províncias e os libertos enviados de volta à África.
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