DR. FRANCISCO RIBEIRO DA SILVA - O DOUTOR CHICO OU DR. CHICO LOCO!
SÉRGIO PEREIRA
ESSE HOMEM QUE VIVEU NA CIDADE DE PELOTAS, QUASE NO EXTREMO SUL DE NOSSO PAÍS CONTINENTAL, USANDO DOS ESTUDOS E PROFISSÃO ESCOLHIDA DE MÉDICO, DEDICOU-SE A CURA DOS ENFERMOS. JÁ FAZ MUITO TEMPO QUE ELE PARTIU PARA A PÁTRIA DOS ESPÍRITOS E POSSIVELMENTE AINDA CONTINUA A ATUAR NA ÁREA MÉDICA AUXILIANDO AOS QUE NECESSITAM DE SEUS CONHECIMENTOS E HABILIDADES COMO MÉDICO. ELE VINHA DE UMA ESCOLA DE MEDICINA QUE FORMAVA MÉDICOS APTOS PARA PRESCREVER FÓRMULAS MEDICAMENTOSAS. TEVE O SEU TEMPO ENTRE NÓS E DEIXOU SAUDADES. ROGAMOS AOS BONS ESPÍRITOS QUE O DOUTOR CHICO POSSA SEMPRE SE FAZER PRESENTE EM NOSSAS CASAS, CLÍNICAS, HOSPITAIS OU A ONDE NECESSITEM DE SEUS PRÉSTIMOS COMO MÉDICO.
COM RELAÇÃO AO APELIDO "LOUCO" EM VERDADE, TRATAVA-SE DE UM MODO CARINHOSO QUE É MUITO USANDO NOS PAMPAS GAÚCHOS DE CHAMAR UM HOMEM MUITO LEGAL DE "TCHÊ LOCO", QUE NÃO TEM NADA HAVER COM DESEQUILÍBRIO MENTAL - LOUCURA. SÓ PESSOAS DE POUCO ESCLARECIMENTO PODE ENTENDER QUE UM MÉDICO DO QUILATE DE DR. CHICO, FOSSE UM LOUCO.
SÉRGIO PEREIRA/KAJAIDE
ORIENTADOR ESPIRITUAL
ANO DE ÒGUM E YEMANJÁ
"EU FAÇO!"
Francisco Ribeiro da Silva – Doutor Chico.
Era uma figura extraordinária que todos com carinho chamavam de Doutor Chico ou Chico Louco.
Doutor Chico Louco, assim ele mesmo se apresentava.
Doutor Chico foi um médico que fez história na cidade de Pelotas, um excelente profissional, humano e folclórico, que hoje empresta o seu nome a uma das ruas da Princesa do Sul.
Professor Universitário, um médico como poucos, um gênio como pouquíssimos, um ser humano único.
Certa vez em 1969, fui até seu consultório, pois vinha há meses em crises devido a cálculos renais.
Estava na sala de espera sozinho enquanto Doutor Chico atendia com a porta do consultório fechada. Era em uma antiga casa cujo acesso era franco, pois nem secretária havia.
De repente a porta se abriu e dela um velho casal de negros, mas bem negros saiu. Logo após chegou à porta o carismático Doutor Chico, momento em que o senhor, já de cabelos brancos, virou-se com a carteira de dinheiro na mão e perguntou ao Doutor quanto ficara a consulta.
Rapidamente Doutor Chico tirou a carteira da mão do cidadão e abriu-a e examinou o seu conteúdo.
Devolveu a carteira e disse ao velho senhor:
- Tá mal o negócio!
O homem sem jeito ficou observando o Médico, enquanto Doutor Chico enfiava a mão no bolso de sua calça marrom claro e desse tirou um maço de notas.
Pegou uma nota de dez cruzeiros (cruzeiros novos) e disse ao velho senhor:
- Ponha isto aí na tua carteira e vá comprar lá no Mercado uma ou duas belas galinhas para fazer uma canja das boas para tua velha. Ela precisa ser bem alimentada. Não precisa de remédios.
O homem embasbacado não sabia o que fazer, mas Doutor Chico tomou-lhe novamente a carteira de suas mãos e nela enfiou aquela nota, bateu-lhe no ombro dando ao casal um até logo, alegre e sorridente.
Foi-se o casal e aí fui então atendido.
Ao entrar em seu consultório fiquei observando tudo. Pelo chão havia uma montanha de caixas de remédios jogadas em um canto, amostra grátis que ele distribuía para os pacientes, além de espingardas, revólveres, facas e outras tralhas, tudo jogado e empoeirado.
Sua mesa era uma balbúrdia. De armas velhas a caixas de remédios, revistas e jornais. Uma bagunça total.
Transitava por cima daquilo tudo sem em nada esbarrar com os seus sapatinhos 44 ou 45.
Dentre aquelas centenas de caixas de remédios ele tirou uma e me disse, enquanto que com a ponta do pé juntava algumas caixas que haviam se apartado da montanha no canto do consultório:
- Tome isto aqui que vai te aliviar as dores até tu expelires essas pedras. Elas sairão naturalmente.
Paguei-lhe a consulta que era também dez cruzeiros.
Deu-me um abraço, perguntou pelos meus pais com quem se dava há muitos anos e eu fui folheirito e por um bom tempo não tive mais as crises renais.
Muitas histórias contavam desse Médico fascinante, como não se faz mais.
Certa vez, contavam que ele ia pela Rua 15 de Novembro, no centro da cidade, com um forte torcicolo que não lhe permitia mexer a cabeça.
Alguém que passava pela outra calçada disse:
- Bom dia, Doutor Chico.
Instintivamente virou a cabeça para cumprimentar a pessoa que rapidamente havia passado e seu pescoço travou em violenta dor.
Paralisado ficou e aos poucos se aproximou de um poste de iluminação pública, nesse se agarrando.
Lá pelas tantas vinha um senhor pela mesma calçada e ele chamou o cidadão sem poder levantar a cabeça de tanta dor no pescoço.
Quando o cidadão, que não o conhecia, meio desconfiado se aproximou, ele disse ao homem para segurar firme sua cabeça, puxar para cima com força e torcer rapidamente para os dois lados.
O cidadão sem entender não se atreveu a fazer, aí Doutor Chico, que continuava agarrado ao poste, foi impositivo.
- Ou tu fazes o que te peço ou te meto uma bala.
O homem apavorado fez conforme ele mandara.
Ai! Alívio.
Agradeceu ao homem, identificou-se como Doutor Chico Louco, conversou um pouco e foi-se rua a fora. Só que agora aliviado da dor.
O cidadão foi-se em sentido contrário mais apavorado ainda, mas feliz por ter conhecido e ajudado o DOUTOR CHICO LOUCO.
Grande Doutor Chico.
Sábio Doutor.
Humano e fraterno.