terça-feira, 1 de outubro de 1996

MOMENTOS ESPIRITUAIS COM O ORIENTADOR ESPIRITUAL DO CPPE - CARIDADE

EQUIPE ESPIRITUAL DE UMBANDA E SEUS TRABALHOS
01/10/1996
Extraido do Livro "O Homem dos Dois Mundos". Parte Espiritualidade.
Sérgio Pereira / Babalorisá Kajaide d’Yemoja Ogunté
Orientador Espiritual do C.P.P.E. CARIDADE

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Na formação desta genuína forma de religiosidade brasileira, que é a Umbanda, houve preocupação por parte do grupo idealizador e, portanto formador, desta filosofia religiosa, que além de reunir espiritualmente e oportunizar o trabalho caridoso, através das manifestações mediúnicas, das raças e povos existentes neste planeta, também se preocupou em valorizar os Brasis, os verdadeiros donos da terra de Pindorama (Brasil) bem como, o braço escravo e os imigrantes brancos que acabaram miscigenando as etnias.

Podemos então observar, que as demais doutrinas religiosas, todas vieram trazidas para o Brasil, e que a Umbanda, criada em solo brasileiro, é a única religião que procura resgatar a imagem dos guardiões do país de Arabutã, ou seja, o nosso indígena, os primeiros habitantes e verdadeiros senhores deste chão. Eles têm uma religiosidade própria, a qual é denominada Pajelança, e ela foi incorporada nos rituais de Umbanda. É por isso que “baixam” Espíritos trazendo a denominação ou codinome de Caboclo, e para se manter no anonimato utiliza um complemento nesse nome, como por exemplo: Pena Verde, Arranca-toco, Tocha-de-Fogo, Gira-Sol, Urubatã, Sete Flechas, etc, etc.....

A Umbanda por ser eclética e universalista respeita os limites do outro, na forma de suas manifestações de conhecimentos e aproveita, dentro desse respeito, usar técnicas para canalizar todos os ensinamentos espirituais das raças e povos que venham em benefício da humanidade, sem privilegiar esta ou aquela sabedoria de uma forma discriminatória ou preconceituosa.

Há uma confusão muito grande sobre o que é um caboclo, um preto velho, um marinheiro, um baiano, um exú e tantos outros espíritos que se manifestam nos Centros de Umbanda, como também, com relação à bebida, charutos, cachimbos e assemelhados.

A mentalidade, tanto do pessoal freqüentador, como dos leigos ainda é muito regionalista, as pessoas se preocupam mais com folclore da palavra do que com os fundamentos que existem por trás disso. Por exemplo, como já foi citado anteriormente, o Caboclo está ligado ao reconhecimento e a manutenção da memória dos primeiros habitantes de nossa terra, porém, cada espírito “Caboclo” tem uma tendência, uma função, uma especialidade, uma missão em seu trabalho junto à humanidade, ou uma vocação para determinado assunto. As entidades espirituais têm seus limites de ação e conhecimento como qualquer ser humano, porque mesmo eles estando em uma outra dimensão (mundo paralelo) não deixaram de serem humanos. Uns tem conhecimento de Direito, outros de Medicina, outros de Psicologia, outros de Matemática, enfim, conhecimento em vários ramos do saber, e é dentro de sua área de conhecimento e de suas experiências adquiridas que eles vão atuar, e dependendo dos objetivos do trabalho a ser realizado, eles se apresentam em equipes até de múltiplo conhecimento e disciplinar. Igualmente ocorre com as falanges de Pretos Velhos, onde não necessariamente o espírito que esteja se manifestando tenha que ser um negro ou negra idosos, está mais ligado ao conforto de seu conhecimento, para poder alcançar uma melhor performance de seu trabalho junto aos que estão em planos que necessitem de sua atuação.

Outros exemplos são: a Linha Cigana, na ritualística, representa o estado de consciência que o homem adquiriu na relação com os povos nômades, nas suas idas e vindas por vários rincões da Terra, isso há milhares de anos. Alguns Espíritos da Falange do Mar são entidades que têm profundo conhecimento daqueles momentos mais íntimos da solidão humana.

Quando se fala em Preto ou Preta Velha, estamos nos referindo à consciência que o homem desenvolveu em relação à agricultura e aos seus trabalhos. O Preto Velho que se manifesta na Umbanda, não nasceu necessariamente na Bahia ou na África, não é necessariamente um negro, mas um ser espiritual com uma sabedoria excepcional no sentido de plantar, colher, não só no aspecto físico da agricultura, mas no aspecto espiritual do plantio. Isso se refere à consciência universal, significa que o trabalho é universal e não regionalista, do folclore brasileiro. Com referência a Exú, estes são seres masculinos e femininos que desenvolvem um papel importantíssimo dentro do movimento espiritual de Umbanda. Eles são responsáveis pela limpeza fluídica dos médiuns, consulentes e do próprio ambiente físico, usando para isso roupagens especiais para a retirada da carga negativa. É um trabalho diversificado onde eles permitem que espíritos de menor esclarecimento possam se manifestar e prestar um trabalho digno junto a uma comunidade, com isso todos passam a se beneficiar. Os Exus tem sob seu encargo inúmeras tarefas que nós ficamos sabendo e outras tantas que não tomamos conhecimento. Eles vão desde uma simples remoção de miasmas, expulsão de um ou falanges de espíritos perturbadores que estão atuando sobre uma criatura, resgate de espíritos que se encontram sob o jugo de grupos infernais, até cirurgias que requerem complicadas técnicas. Esses homens e mulheres no momento em espírito, foram pessoas aqui na Terra, das várias camadas sociais, que normalmente se destacaram por sua impulsividade, sua atitude incisiva, sua palavra franca e direta, seus atos de bravura.

Com relação ao uso de bebida e o tabaco, utilizados por algumas Entidades, no momento de sua atuação, em verdade esses elementos usados são transubstanciados, e passa a ter outro caráter e significado. A bebida se torna uma fonte energética e o tabaco é utilizado para defumar, desprender os miasmas que estejam ligados à áurea do consulente ou dispersar energias nocivas do ambiente físico o extra físico. É muito fácil saber quando esses elementos foram realmente transubstanciados, basta observar o médium, apesar de ele ingerir bebida alcoólica, ao desincorporar não apresenta sinal de embriagues e em muitos casos nem o cheiro da bebida ingerida. Com referência ao tabaco, não existe por parte do médium incorporado o hábito de tragar a fumaça; em verdade o espírito só puxa a fumaça até a boca do médium e imediatamente joga ao meio ambiente.

A Umbanda foi criada para oportunizar a todas as raças e povos, em espírito e encarnados uma comunhão com o mister de fazer o bem e ter seus rituais exatamente canalizados para Entidades de Luz, que vêm do Astral Superior a fim de realizar um trabalho em prol da humanidade.

Que fique bem claro e que não paire dúvida sobre a missão dessa Religião: A UMBANDA NÃO FAZ, NÃO APREGOA, NÃO COMPACTUA COM O MAL.

Sérgio Pereira / Babalorisá Kajaide d’Yemoja Ogunté
Orientador Espiritual do C.P.P.E. CARIDADE

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