segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A IMPORTÂNCIA DOS OTÁS, NOS ASSENTAMENTOS DE ORÌSÁS.

 
 
A IMPORTÂNCIA DOS OTÁS, NOS ASSENTAMENTOS!

Em Nagô, OCTA quer dizer pedra. No Candomblé, é basicamente o OCTA ( pedra) que tem uma função especialíssima nos rituais. Ela é o receptáculo natural para a força energética dos Orìsás,  é uma espécie de pára-raios com a capacidade de atrair e, sendo submetido a diversos rituais, armazenar parte dessa energia. É o elemento principal do "assentamento" de um Orìsá, que pode ser feito em um templo de Candomblé ou em uma fonte natural de energia (uma cachoeira para Osum, por exemplo ou um ponto da natureza onde haja vento permanente para Yansã).
 
As pedras que podem ser transformadas pelos sacerdotes em OTÁS não são escolhidas aleatoriamente. Cada Orìsá tem seu otá específico: a pedra deverá vir de um rio, na forma de um seixo submerso na corrente, se for servir de assentamento para uma Osum ou para uma Obá; deverá vir do mar ou uma drusa de cristal, se for servir para assentamento de Yemojá; da mata, se for empregada num assentamento de Oxóssi; de minério de ferro, se for empregada para assentar um Ogum; uma drusa branca ou uma pedra de mármore bruta ou qualquer outra substância tão resistente quanto ele, e também branca, para assentamento de Osalá, etc. Se a pedra deve ser lisa ou rugosa, se precisa ser retirada de dentro da terra, sem nunca ter tido contato com o oxigênio livre ou se deve ter estado obrigatoriamente à exposição do vento, tudo isso vai depender também das exigências próprias de cada Orìsá. Os OTÁS ficam no ILÉ ASÉ, dentro de uma vasilha especial, de louça, madeira, metal ou barro, eternamente mergulhado em substâncias líquidas que variam de Orìsá para Orìsá: pode ser mel, azeite doce ou azeite-de-dendê, etc.



Junto aos OCTÁS, ficam outros "receptáculos" de ASÉ, miniaturas de símbolos dos Orìsás (usados na dança em tamanho maior), como espadas, cobras, o ibiri, os espelhos, etc.
Em frente ao “ASSENTAMENTO”, são oferecidas as "comidas do Orìsá" nos ossés semanais ou quando um iniciado faz uma oferenda. Depois de um tempo, que varia conforme a ocasião, aquela oferenda r é retirada do Peji (altar) que está no Ilé Asé  e é levada por uma pessoa com grau competente e pelo iniciado (omorisá – filho de santo) para um local da natureza que tem tudo haver com o devido Orìsá, onde a oferenda será definitivamente entregue, despachada.
 
 

DICIONÁRIO DO CANDOMBLÉ!

ASSENTAMENTO: processo ritualístico pelo qual se liga a um corpo material o ASÉ, ou seja, a Força Mística de uma energia imaterial.
Por redução, o termo é utilizado para designar o objeto (pedra, árvore, símbolo de metal, etc...) que representa o Orìsá, depois de um ritual (que é secreto para o leigo) faz com que as energias místicas sejam concentradas no objeto. A ferramenta mais comum para esse efeito é um elemento do Reino Mineral, que é uma pedra que quando é imantada, transubstanciada  para a fixação do Orìsá e ela fica no peji (altar) no Ilé Asé (Casa de Força), guardada em vasilhas tampadas (ou não), mergulhadas em sustâncias ou líquidos especiais, dependendo de cada Orìsá. Nesse momento essa pedra passa a ser sagrada e denominada OTÁ. Por extensão, o termo ASSENTAMENTO,  também pode se referir ao processo de iniciação de um INICIANDO , que ao concluir o Assentamento passa a ser chamado de OMORISÁ (filho de santo) e esse rito de assentamento da força mística do Orixá é feito na cabeça (ori) de um(a) yawò.
Sérgio Pereira/Kajaide
Orientador Espiritual
Ano de Sàngó/Obá/Lodê
"SOU LUZ!"
 

 

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