QUEM ESCREVEU A BÍBLIA?
(PARTE II)
Texto lido na Sessão Mediúnica de 05/08/2014.
A versão final do Pentateuco (5 livros) surgiu por volta de 389 a.C. Nessa época, um religioso chamado Esdras liderou um grupo de sacerdotes que mudaram radicalmente o judaísmo – a começar por suas escrituras. Eles editaram os livros anteriores e escreveram a maior parte dos outros livros que compõem a Bíblia, como o Deuteronômio, Números, Levítico e também um dos pontos altos da Bíblia: os 10 Mandamentos.
Além de afirmar o monoteísmo sem
sombra de dúvidas com o primeiro dos mandamentos: “amarás o Senhor teu Deus
acima de todas as coisas”. A reforma conduzida por Esdras impunha leis
religiosas bem rígidas, como a proibição do casamento de hebreus com os não-hebreus.
Algumas das leis encontradas no Levítico se assemelham à ética moderna dos
direitos humanos: “Se um estrangeiro vier morar convosco, não o maltrates.
Ama-o como se fosse um de vós”.
Outras passagens, no entanto, descrevem um DEUS guerreiro, vingativo e sanguinário, que ordena o extermínio de cidades inteiras –velhos, mulheres e crianças incluídas. “Se a religião prega a compaixão, por que os textos sagrados têm tanto ódio?”, pergunta a historiadora americana Karen Armstrong, autora de um novo e provocativo estudo sobre a Bíblia. Para os especialistas, a violência do Antigo Testamento é fruto dos séculos de guerras dos hebreus com os assírios, os persas e os babilônios. Os autores do livro sagrado foram influenciados por essa atmosfera de ódio, e daí surgiu às histórias em que Deus dos hebreus se mostra bastante violento e até cruel.
Por volta do ano 200 a.C., o cânone (conjunto de livros sagrados) hebraico já estava finalizado e começou a se alastrar pelo Oriente Médio. A primeira tradução completa do Antigo Testamento é dessa época e foi na língua grega. Ela foi feita a mando do rei Ptolomeu II em Alexandria, no Egito, a onde era um grande centro cultural da época e que possuía grande Biblioteca da Alexandria, que foi uma das grandes maravilhas do mundo antigo. Segundo uma lenda, essa tradução (de hebraico para grego) foi realizada por 72 sábios judeus. Por isso, que essa primeira Bíblia é conhecida como Septuaginta.
Outras passagens, no entanto, descrevem um DEUS guerreiro, vingativo e sanguinário, que ordena o extermínio de cidades inteiras –velhos, mulheres e crianças incluídas. “Se a religião prega a compaixão, por que os textos sagrados têm tanto ódio?”, pergunta a historiadora americana Karen Armstrong, autora de um novo e provocativo estudo sobre a Bíblia. Para os especialistas, a violência do Antigo Testamento é fruto dos séculos de guerras dos hebreus com os assírios, os persas e os babilônios. Os autores do livro sagrado foram influenciados por essa atmosfera de ódio, e daí surgiu às histórias em que Deus dos hebreus se mostra bastante violento e até cruel.
Por volta do ano 200 a.C., o cânone (conjunto de livros sagrados) hebraico já estava finalizado e começou a se alastrar pelo Oriente Médio. A primeira tradução completa do Antigo Testamento é dessa época e foi na língua grega. Ela foi feita a mando do rei Ptolomeu II em Alexandria, no Egito, a onde era um grande centro cultural da época e que possuía grande Biblioteca da Alexandria, que foi uma das grandes maravilhas do mundo antigo. Segundo uma lenda, essa tradução (de hebraico para grego) foi realizada por 72 sábios judeus. Por isso, que essa primeira Bíblia é conhecida como Septuaginta.
Além da tradução grega, também
surgiram versões do Antigo Testamento no idioma aramaico – que era uma espécie
de língua franca do Oriente Médio naquela época, porém mais moderna que o
hebraico.
Dois séculos (duzentos anos) mais tarde, a Bíblia em aramaico estava bombando: ela era a mais lida na Judéia, na Samária e na Galiléia (províncias que formam os atuais territórios de Israel e da Palestina). Foi aí que um jovem judeu, grande personagem desta história, começou a se destacar. Como Sócrates, Buda e outros pensadores que mudaram o mundo, Jesus, nascido numa localidade chamada de Nazaré, onde moravam pouco mais do que uma centena de famílias, nada deixou por escrito – os primeiros textos sobre ele foram produzidos décadas após sua morte.
E o cristianismo já nasceu perseguido: por se recusarem a cultuar os deuses oficiais romanos, os cristãos eram considerados subversivos pelo Império Romano, que dominava boa parte do Oriente Médio desde o século 1 a.C. Foi nesse clima de medo que os cristãos passaram a colocar no papel as histórias de Jesus, que circulavam em aramaico e também em coiné – um dialeto grego falado pelos mais pobres. “Os cristãos queriam compreender suas origens e debater seus problemas de identidade”, diz o teólogo Paulo Nogueira, da Universidade Metodista de São Paulo. Para fazer isso, criaram um novo gênero literário: o Evangelho. Esse termo, que vem do grego Evangélion quer dizer: “boa-nova”, é um tipo de narrativa religiosa contando os milagres, os ensinamentos e a vida de Jesus, o nazareno.
A maioria dos evangelhos escritos nos séculos 1 e 2 desapareceu. Naquela época, um “livro” era um amontoado de papiros avulsos, enrolados em forma de pergaminho, podendo ser facilmente extraviados e perdidos. Mas alguns evangelhos foram copiados e recopiados à mão, por membros da Igreja. Até que, por volta do século IV, tomaram o formato de códice, ou seja, – um conjunto de folhas de couro encadernadas, que foram o ancestral do livro moderno. O problema é que, a essa altura dos tempos passados, gerações e gerações de copiadores já haviam introduzido alterações nos textos originais – seja por descuido, por ignorância, seja de propósito. “Muitos erros foram feitos nas cópias, erros que às vezes mudaram o sentido literalmente dos textos. Em certos casos, tais erros foram também propositais, de acordo com a teologia do escrivão”, afirma o padre e teólogo Luigi Schiavo, da Universidade Católica de Goiás. Pode-se citar um exemplo: A famosa cena em que Jesus salva uma adúltera prestes a ser apedrejada, de acordo com especialistas, esse trecho foi inserido no Evangelho de João por algum escriba, por volta do século III. Isso porque, na época, o cristianismo estava cortando seu cordão umbilical com o judaísmo. E apedrejar adúlteras é uma das leis que os sacerdotes-escritores judeus haviam colocado no Pentateuco. A introdução da cena em que Jesus salva a adúltera passa a idéia de que os ensinamentos de Cristo haviam superado a Torá – e, portanto, os cristãos já não precisavam respeitar ao pé da letra todos os ensinamentos do credo judeu.
A julgar pelo último livro da Bíblia cristã, o Apocalipse (que descreve o fim do mundo), o receio de ter suas narrativas “editadas” era comum entre os autores do Novo Testamento. No versículo 18, lê-se uma terrível ameaça: “Se alguém fizer acréscimos às páginas deste livro, Deus o castigará com as pragas descritas aqui”. Essa ameaça reflete bem o clima dos primeiros séculos do cristianismo: era uma verdadeira confusão teológica, com montes de seitas defendendo idéias diferentes sobre Deus e o Messias, e cada uma apregoando ser a mais verdadeira de todas. A seita dos DOCETAS, por exemplo, acreditava que Jesus não teve um corpo físico. Ele seria um espírito, e sua crucificação e morte não passariam – literalmente – de ilusão de ótica. Já os EBIONISTAS acreditavam que Jesus não nascera Filho de Deus, mas fora adotado, já adulto, pelo Senhor. A primeira tentativa de organizar esse caos das Escrituras ocorreu por volta de 142 d.C. – e o responsável por tal fato foi um rico comerciante de navios chamado Marcião.
Dois séculos (duzentos anos) mais tarde, a Bíblia em aramaico estava bombando: ela era a mais lida na Judéia, na Samária e na Galiléia (províncias que formam os atuais territórios de Israel e da Palestina). Foi aí que um jovem judeu, grande personagem desta história, começou a se destacar. Como Sócrates, Buda e outros pensadores que mudaram o mundo, Jesus, nascido numa localidade chamada de Nazaré, onde moravam pouco mais do que uma centena de famílias, nada deixou por escrito – os primeiros textos sobre ele foram produzidos décadas após sua morte.
E o cristianismo já nasceu perseguido: por se recusarem a cultuar os deuses oficiais romanos, os cristãos eram considerados subversivos pelo Império Romano, que dominava boa parte do Oriente Médio desde o século 1 a.C. Foi nesse clima de medo que os cristãos passaram a colocar no papel as histórias de Jesus, que circulavam em aramaico e também em coiné – um dialeto grego falado pelos mais pobres. “Os cristãos queriam compreender suas origens e debater seus problemas de identidade”, diz o teólogo Paulo Nogueira, da Universidade Metodista de São Paulo. Para fazer isso, criaram um novo gênero literário: o Evangelho. Esse termo, que vem do grego Evangélion quer dizer: “boa-nova”, é um tipo de narrativa religiosa contando os milagres, os ensinamentos e a vida de Jesus, o nazareno.
A maioria dos evangelhos escritos nos séculos 1 e 2 desapareceu. Naquela época, um “livro” era um amontoado de papiros avulsos, enrolados em forma de pergaminho, podendo ser facilmente extraviados e perdidos. Mas alguns evangelhos foram copiados e recopiados à mão, por membros da Igreja. Até que, por volta do século IV, tomaram o formato de códice, ou seja, – um conjunto de folhas de couro encadernadas, que foram o ancestral do livro moderno. O problema é que, a essa altura dos tempos passados, gerações e gerações de copiadores já haviam introduzido alterações nos textos originais – seja por descuido, por ignorância, seja de propósito. “Muitos erros foram feitos nas cópias, erros que às vezes mudaram o sentido literalmente dos textos. Em certos casos, tais erros foram também propositais, de acordo com a teologia do escrivão”, afirma o padre e teólogo Luigi Schiavo, da Universidade Católica de Goiás. Pode-se citar um exemplo: A famosa cena em que Jesus salva uma adúltera prestes a ser apedrejada, de acordo com especialistas, esse trecho foi inserido no Evangelho de João por algum escriba, por volta do século III. Isso porque, na época, o cristianismo estava cortando seu cordão umbilical com o judaísmo. E apedrejar adúlteras é uma das leis que os sacerdotes-escritores judeus haviam colocado no Pentateuco. A introdução da cena em que Jesus salva a adúltera passa a idéia de que os ensinamentos de Cristo haviam superado a Torá – e, portanto, os cristãos já não precisavam respeitar ao pé da letra todos os ensinamentos do credo judeu.
A julgar pelo último livro da Bíblia cristã, o Apocalipse (que descreve o fim do mundo), o receio de ter suas narrativas “editadas” era comum entre os autores do Novo Testamento. No versículo 18, lê-se uma terrível ameaça: “Se alguém fizer acréscimos às páginas deste livro, Deus o castigará com as pragas descritas aqui”. Essa ameaça reflete bem o clima dos primeiros séculos do cristianismo: era uma verdadeira confusão teológica, com montes de seitas defendendo idéias diferentes sobre Deus e o Messias, e cada uma apregoando ser a mais verdadeira de todas. A seita dos DOCETAS, por exemplo, acreditava que Jesus não teve um corpo físico. Ele seria um espírito, e sua crucificação e morte não passariam – literalmente – de ilusão de ótica. Já os EBIONISTAS acreditavam que Jesus não nascera Filho de Deus, mas fora adotado, já adulto, pelo Senhor. A primeira tentativa de organizar esse caos das Escrituras ocorreu por volta de 142 d.C. – e o responsável por tal fato foi um rico comerciante de navios chamado Marcião.
(SEGUE PARTE III)
SÉRGIO PEREIRA/KAJAIDE
ORIENTADOR ESPIRITUAL
ANO DE SÀNGÓ/OBÁ/LODÊ
"SOU LUZ!"
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