QUEM ESCREVEU A BÍBLIA?
(Parte I)
Texto proferido na Sessão Mediúnica de 22/08/2014.
Mas
quem escreveu, afinal, o livro mais importante que a humanidade já viu? Quem
eram e o que pensavam essas pessoas? Como criaram o enredo, e quem ditou a voz
e o estilo de Deus? O que está na Bíblia deve ser levado ao pé da letra, o que
até hoje provoca conflitos armados? A resposta tradicional você já conhece:
segundo a tradição judaico-cristã, o autor da Bíblia é o próprio Todo-Poderoso (DEUS).
E ponto final. Mas a verdade é muito mais complexa que isso.
A
palavra do Senhor é sagrada, mas foi escrita por reles mortais. Como não
sobraram vestígios nem evidências concretas da maioria deles, a chave para
encontrá-los está na própria Bíblia. Mas ela não é um simples livro: imagine as
Escrituras como uma biblioteca inteira, que guarda textos montados pelo tempo,
pela história e pela fé. Aliás, o termo “Bíblia”, que usamos no singular, vem
do plural grego ta biblia ta hagia – “os livros sagrados”. A tradição religiosa
sempre sustentou que cada livro bíblico foi escrito por um autor claramente
identificável. Os 5 primeiros livros do Antigo Testamento (que no judaísmo se
chamam Torá e no catolicismo Pentateuco) teriam sido escritos pelo profeta
Moisés por volta de 1200 a.C. Os Salmos seriam obra do rei Davi, o autor de
Juízes seria o profeta Samuel, e assim por diante. Hoje, a maioria dos
estudiosos acredita que os livros sagrados foram um trabalho coletivo. E há uma
boa explicação para isso.
As
raízes da árvore bíblica também remontam aos sumérios, antigos habitantes do
atual Iraque, que no 3o milênio a.C. escreveram a Epopéia de Gilgamesh. Essa
história, protagonizada pelo semideus Gilgamesh, menciona uma enchente que
devasta o mundo (e da qual algumas pessoas se salvam construindo um barco).
Notou semelhanças com a Bíblia e seus textos sobre o dilúvio, a arca de Noé, o
fato de Cristo ser humano e divino ao mesmo tempo? Não é mera coincidência. “A
Bíblia era uma obra aberta, com influências de muitas culturas”, afirma o
especialista em história antiga Anderson Zalewsky Vargas, da UFRGS.
Foi entre os séculos 10 e 9 a.C. que os escritores hebreus começaram a colocar
essa sopa multicultural no papel. Isso aconteceu após o reinado de Davi, que
teria unificado as tribos hebraicas num pequeno e frágil reino por volta do ano
1000 a.C. A primeira versão das Escrituras foi redigida nessa época e
corresponde à maior parte do que hoje são o Gênesis e o Êxodo. Nesses livros, o
tema principal é a relação passional (e às vezes conflituosa) entre Deus e os
homens.
Em alguns trechos o DEUS é chamado pelo nome próprio, Yahweh – traduzido em
português como Javé ou Jeová. É um tratamento informal, como se o autor fosse
íntimo de Deus. Em outros pontos, o Todo-Poderoso é chamado de Elohim, um
título respeitoso e distante (que pode ser traduzido simplesmente como “Deus”).
Como se explica isso? Para os fundamentalistas, não tem conversa: Moisés
escreveu tudo sozinho e usou os dois nomes simplesmente, mas os
historiadores e a maioria dos religiosos aceitam outra teoria: esses textos
tiveram pelo menos outros dois editores. Até porque o nome de Yahweh, Moises recebeu do próprio sogro que adorava o DEUS que se manifestava em uma montanha na região onde ele habitava com sua família. Ao contrário do Deus-Javé, que fez o mundo num único dia, o Deus-Elohim levou 6
(e descansou no 7o).
Tempos mais tarde, os dois relatos foram misturados por editores anônimos – e a
narrativa do Eloísta, mais comportada, foi parar no início das Escrituras.
Começando por aquela frase incrivelmente simples e poderosa, notória até entre
quem nunca leu a Bíblia: “E, no início, Deus criou o céu e a terra...”
“O monoteísmo pode ter surgido pelo contato com os persas – a religião deles, o
masdeísmo, pregava a existência de um deus bondoso, Ahura Mazda, em constante
combate contra um deus maligno, Arimã. Essa noção se reflete até na idéia
cristã de um combate entre Deus e o Diabo”, afirma Zalewsky, da UFRGS.
SÉRGIO PEREIRA/KAJAIDE
ORIENTADOR ESPIRITUAL
ANO DE SÀNGÓ/OBÁ/LODÊ
"SOU LUZ!"
Nenhum comentário:
Postar um comentário