quinta-feira, 3 de setembro de 2015

VESTIMENTA RITUALISTICA DOS ÌYÁWÓS MASCULINOS E FEMININOS DENTRO DO CANDOMBLÉ.


VESTIMENTA (ASÓS) RITUALISTICA DOS ÌYÁWÓS MASCULINOS E FEMININOS DENTRO DO CANDOMBLÉ.

SÉRGIO PEREIRA.
LONGE DE FOMENTAR UMA VERDADE ABSOLUTA PARA OS ADEPTOS DO CANDOMBLÉ COM RELAÇÃO AO VESTUÁRIO DOS INICIADOS DO RITO AOS ÒRÌSÁS, PARA O CPPE CARIDADE FICA DETERMINADO A SEGUINTE ORIENTAÇÃO PARA ESSE SETOR:

ÌYÁWÓ DO SEXO FEMININO:

MOKAN: Uso indispensável - Mokan é um cordão feito de palha da costa trançado, cujo fechos são como duas vassourinhas de palha, onde se tem enfeites com contas do respectivo Orisá do neófito e por muitas vezes constituem também búzios.
É um colar que é dado no dia da iniciação do neófito que ele carregará ao seu pescoço junto com os deloguns (fios) e o seu cumprimento vai até o umbigo deste, seguindo os fios de conta.
Seu uso se dará até a sua obrigação de sete anos que após este tempo irá permanecer em seu ibá (assentamento consagrado ao seu Orisá).

IKAN: Uso Indispensável – é um trançado de palha da costa, que é colocado no noviço(a) como um contra-egun, na altura do braço, abaixo do ombro.
DELOGUN: Uso Indispensável -
os deloguns (fios de contas) o seu cumprimento vai até o umbigo do iniciado.
CALÇOLÃO: usado só por ìyáwó que possui Òrìsá masculino.
ROUPA DE SIRE: Até completar um ano de iniciada, deve-se dançar Sire de branco;
ÌYÁWÓ DO SEXO MASCULINO:

CALÇA DE RAÇÃO (NÃO É TOLERAVEL JEANS, BERMUDA, ETC.)
CAMISA DE RAÇÃO (NÃO É TOLERAVEL CAMISA DE CRIOULA – USO EXCLUSIVO PARA MULHERES, Também não se usa camiseta);
ÉKÉTÉ: – NÃO É TOLERAVEL O USO PANO DE CABEÇA – À exceção do recebimento de Asè, em Oro);
OGÁ (OGAN):

CALÇA DE RAÇÃO (NÃO É TOLERAVEL JEANS, BERMUDA, ETC.)
CAMISA DE RAÇÃO (NÃO É TOLERAVEL CAMISA DE CRIOULA – USO EXCLUSIVO PARA MULHERES, também não se usa camiseta);
ÉKÉTÉ OU FÊS (NÃO É TOLERAVEL O USO PANO DE CABEÇA – À exceção do recebimento de Asè, em Oro);
EKEJI (EKEDE):

SAIA: Ekeji não usa saia com anáguas de baiana;
TOALHA SOBRE O OMBRO: A cada dia é mais raro vermos uma Ekeji com uma toalhinha para “enxugar” o Òrìsà.
 
 
ADES, COROAS E PARAMENTAS DE ÒRÌSÀS:
SE O ÒRÌSÁ PEDIR ESSAS INDUMENTÁRIAS RITUALISTICAS, ENTÃO DEVE-SE OBEDECER OS SEGUINTES ÍTENS:

DISCERNIMENTO E COERÊNCIA: Deve-se ter coerência ao vestir os Òrìsàs (Nossos deuses são elementos da natureza, que utilizam representações da natureza, POR ISSO NÃO DEVEM SER CARNAVALIZADOS);
MÁSCARAS: É inadmissível a utilização de máscaras na confecção da Roupa dos Òrìsàs;
ALTURA DOS ADES: Deve se ter discernimento, coroas são coroas e não paramentos carnavalescos gigantescos ou explendores de carros alegóricos;
ÒSÀLÁ: ÒSÀLÁ SÓ USA BRANCO. Esse é um Òrìsà Fúnfún, não admite qualquer outra cor nos seus paramentos, nem mesmo prata ou ouro.
PENAS DE AVES: O candomblé é tribal, mas não indígena, a utilização de penas na confecção das roupas dos Òrìsàs deve ser ponderada, uso com parcimônia e não excessiva;
SÀNGÓ: Não tolera roupas roxa ou preta;
ÀSÈSÈ (rito fúnebre):

HOMENS: Calça, Camisa de Ração (brancos) e Ékété;
MULHERES: Saia de ração e camisa de crioula (brancas);
PROÍBIDO: Brilho, Bordados, Vazados e Roupas Coloridas;
BATA:

QUEM PODE USAR: A utilização da bata é restrita as autoridades femininas da Casa (autoridade máxima, Ìyálásè, Ìyákekère, Ìyámaye, etc. – Se todas as Ègbón usarem batas, será impossível distinguir as autoridades);
CUMPRIMENTO: Bata é Bata e não vestido! Um ditado tradicional nos Candomblés da Bahia diz: Quanto Maior a Bata, Maior a Ignorância da Ègbón;
PANO DE CABEÇAS (ojá):

QUEM PODE USAR: A utilização do Pano de Cabeça é restrita às mulheres (o Babalòrìsà “em sua casa” tem a autonomia de optar ou não pelo uso. O pano de cabeça, poderá ainda ser utilizado por homens, em obrigações internas em que o mesmo está “recebendo asè, como por exemplo Bori”);

ABAS: As abas do Pano de Cabeça, estão relacionadas ao Òrìsà da filha de Santo e a sua idade de santo (se seu Òrìsà for Oboro – masculino, você não poderá usar duas abas, sendo que essa ficou para as filhas de santo, que possuem Òrìsàs Ayabas – femininos);
ALTURA DO OJÁ: Deve-se ter discernimento ao usar o Pano de Cabeça. O pano de Cabeças não é turbante com diversas voltas e de altura desmedida; Seu pano de cabeça também não pode ser maior do que o da sua Ìyálòrìsà;
PANO DE COSTAS:

QUEM PODE USAR: A utilização do Pano de Costas é restrito às mulheres.
UTILIZAÇÃO: O pano da costa deve ser colocado na altura dos seios (somente as autoridades quando estão trajadas de Bata, podem usar o pano na cintura);
USO TRASVERSAL DO PANO POR HOMENS: Indevido, à exceção das festividades do Pilão e durante o Pilão de Òsògíyàn;
FIOS DE CONTAS:

AFRICANOS/CORAIS/PEDRAS: de uso exclusivo para autoridades do Candomblé e as pessoas com obrigação de sete anos (obrigações arriadas);
BOLAS DE PLÁSTICO: Não pertencem ao Candomblé;
SAIAS:

QUEM USA: Uso restrito à mulheres (homem não usa saias, mesmo se seu Òrìsà seja ayaba);
CUMPRIMENTO: A saia deve ser longa, cobrindo o calçolão (o uso de saieta é cabível somente para Òrìsàs masculinos – em mulheres);
ROUPAS BRILHOSAS E BORDADOS:

ROUPAS BRILHOSAS: A utilização de roupas com muito brilho está condicionada ao Òrìsà e à determinados Òrìsàs (existem roupas para dançar o Sìré e roupas para vestir os Òrìsàs, sendo que alguns também não toleram o brilho);
BORDADOS: As roupas bordadas como Rechilieu, Asa de Mosca, Roda de Quiabo e panos mais elaborados, são de uso exclusivo para autoridades e pessoas com obrigação de sete anos arriada; se não tiver esses quesitos o uso de tecidos é modesto.
BRINCOS E PULSERIAS:

Ìyáwò de Òrìsà Oboro (Santo Masculino), não deve usar brincos e/ou pulseiras mundanos, não tendo nada haver com a ritualística dos Òrìsás.
Os iniciados que reflitam sobre a essência de nossa ancestralidade, os Òrìsàs. Um(a) Ìyáwò aguardar a conclusão de suas obrigações, para a utilização de determinadas vestes, não o(a) coloca inferior à ninguém, muito pelo contrário, mostra somente sua competência e reflexo de seu aprendizado, em obediência às regras do Candomblé pelo seu Òrìsà. O cumprimento desses interditos, confere ainda mais valor à obrigação de sete anos, em que a então ìyáwò, poderá utilizar-se de outras indumentárias, estando desta forma, em outra fase de sua missão religiosa (torando-se uma ègbón). No Candomblé, todos os passos são galgados, assim como na vida, afinal, a criança não nasce andando, existe um processo de aprendizagem. Uma mãe preservadora resguarda sua filha das maquiagens até a idade certa, etc. Assim é o Candomblé.
Um Ogá não pode se sentir desprezado por não vestir-se como um Babalòrìsà, ele sim, deve se sentir orgulhoso em pode estar preservando a cultura dos antigos Ogá. Um Ogá vestido como Ogá, é facilmente identificado em meio a multidão. O mesmo se aplica aos Babalòrìsàs, que não podem almejar as vestes femininas, pois nesse caso, ao invés de mostrar conhecimento, poder e distinção, evidência sua falta de conhecimento sobre a liturgia de cada elemento utilizado e falta dignidade e respeito.


VESTUÁRIO (ASÓ) FEMININO DENTRO DO CANDOMBLÉ.

EXISTEM ROUPAS PARA TODAS OCASIÕES. A ROUPA DE RAÇÃO É A MAIS SIMPLES E AS ROUPAS FEITAS COM BORDADO RICHELIEU PODEM CUSTAR POR VOLTA DE QUINZE MIL REAIS. COMPÕEM O JOGO: SAIA (ASÓ) DE POUCA RODA PARA FACILITAR A MOVIMENTAÇÃO, SINGUÊ (ESPÉCIE DE FAIXA AMARRADA NOS SEIOS QUE SUBSTITUI O SUTIAN), CAMISU OU CAMISA DE MULATA, GERALMENTE BRANCO E ENFEITADO COM RENDAS E BORDADOS, CALÇOLÃO (ESPÉCIE DE BERMUDA AMARRADA POR CORDÃO NA CINTURA, UM POUCO LARGA PARA FACILITAR A MOVIMENTAÇÃO E PROTEGER O CORPO EM CASOS QUE SE É NECESSÁRIO SENTAR NO CHÃO), PANO DA COSTA E O OJÁ, UM PANO QUE SE AMARRA À CABEÇA. O ASÓ TEM UMA REPRESENTAÇÃO MUITO GRANDE NO JEJE. A ROUPA FALA DE UM SIMBOLISMO MUITO ESPECIAL, QUE ALÉM DE ÉTICO E MORAL, OS ASÓS DÃO PARA AS MULHERES POSIÇÃO E POSTURA. É BONITO SE NOTAR A FORMA E A REVERÊNCIA QUE ESTAS ROUPAS EXPRESSAM EM SUA APARÊNCIA E JEITO: RESPEITO ACIMA DE TUDO! AS MULHERES DE JEJE, ESPECIALMENTE O MAHIN, QUANTO A COMPOSIÇÃO DE SINGUÊ, DE XOKOTÔ (ESPÉCIE DE CALÇA, TAMBÉM CHAMADO "CAUÇULU"), SAIA, E CAMISU, COMPÕEM SEU AXÓ.

O VESTUÁRIO DE UMA IYALORIXÁ É DIFERENTE DAS ROUPAS USADAS PELAS EKÉDYS E IAÔS, É CARACTERIZADA PELO USO DA "BATA" QUE É USADA POR FORA DA SAIA COM O CAMISU POR BAIXO, NAS CASAS TRADICIONAIS SOMENTE A IYALORIXÁ PODE USAR, SE ELA PERMITIR SUAS FILHAS EGBOMIS PODEM USAR TAMBÉM, MAS NUNCA PERMITIRÁ O USO DA BATA POR UMA EKÉDI, IAÔ OU ABIAN.

A BATA É SÍMBOLO DE CARGO OU POSTO DENTRO DA HIERARQUIA DO CANDOMBLÉ. O PANO DA COSTA DOBRADO SOBRE O OMBRO TAMBÉM TEM SUA REPRESENTAÇÃO, É UM SÍMBOLO DE CARGO POIS, AS IAÔS O USAM AMARRADO NO PEITO, AS EGBOMIS NA CINTURA E IYALORIXÁS NO OMBRO.

NORMALMENTE, SAIAS E BATAS DE BORDADO RICHELIEU SÓ SÃO USADAS PELAS IYALORIXÁS, ASSIM COMO O PANO DA COSTA DE ALAKÁ AFRICANO.

OS TURBANTES TAMBÉM CHAMADOS DE TORÇO OU OJÁ, USADOS NA CABEÇA NORMALMENTE SÃO MAIORES E MAIS ORNAMENTADOS, ASSIM COMO DETERMINADOS FIO-DE-CONTAS NÃO PODEM SER USADOS POR PESSOAS QUE NÃO TEM CARGO, O (FIO DE OURO)[1] POR EXEMPLO SÓ PODE SER USADO POR IYALORIXÁS COM MAIS DE 50 ANOS DE SANTO, SÍMBOLO DE SENIORIDADE (COMO O USADO POR MÃE MENININHA).

ALÉM DO SIMBOLISMO DO VESTUÁRIO, EXISTEM MUITOS OBJETOS QUE PODEM SER CARACTERIZADOS E USADOS SOMENTE POR IYALORIXÁS E BABALORIXÁS, O ANEL DE OURO COM UM SÍMBOLO INCRUSTADO É UM DELES, O BRINCO DE OURO. OUTRA CARACTERÍSTICA DO VESTUÁRIO É O USO DO OJÁ NA CABEÇA, NO CANDOMBLÉ QUEM É DE ÒRÌSÁ MASCULINO ABORÓ USA O OJÁ COM UMA ABA, E QUEM É DE ÒRÌSÁ FEMININO USA DUAS ABAS.
SÉRGIO PEREIRA/KAJAIDE
ORIENTADOR ESPIRITUAL
ANO DE ÒGUN E YEMANJÁ
"EU FAÇO!"
 

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