segunda-feira, 29 de junho de 2015

SEXO E CANDOMBLÉ

Sexo e Candomblé

O Candomblé é muito conhecido por ser uma religião de mágicas, danças, cantos e toques de atabaques. A expressão diz que os  òrìsà  descem ao àiyé para serem homenageados por seus devotos, seus filhos também conhecidos como ìyáwó, é bem verdadeira. Aqui eles revivem atos de guerra, alegria e tristeza, derrotas e vitórias. Mas há muito mais que o Candomblé pode fazer a serviço de seu povo: são os serviços de magia, ebó, banhos e outros encantos que pessoas buscam para apaziguar problemas de saúde, financeiro, amor e sexo. Sendo este último um grande tabu para muitos povos.
 Há questões que dividem adeptos, tantos os antigos quantos os mais novos. Passa tempo e mais tempo e sempre rola pelas redes sociais, pelas conversas pós toque e nos bate papos por telefone quando um amigo liga para o outro: Sexo e Candomblé. Não falo dos escândalos que ocorrem vez ou outra dentro das dependências religiosas… não.

Sexo e os Òrìsà

A sensualidade e sexualidade estão muito presentes nos deuses Yorubanos. Algumas ìyágbá são conhecidas pela sensualidade como Oyá e Òsun. Há relatos, lendas, onde notamos atos de sedução e conquista, que culminam no ato sexual. Èsù talvez seja o òrìsà mais ligado ao sexo de maneira direta que há, com seu falo representando seu poder e sendo portador de àse. O próprio bastão de Èsù, conhecido como ògo, tem a representatividade da fertilidade masculina, a forma fálica, ereta que a tempos atrás e ainda hoje espanta, escandaliza muita gente, deixando até sem graça os desavisados. Havendo muito simbolismo no mesmo, não só o sexual. Mas geralmente, assuntos ligados a sexo são entregues a Èsù, nem todos, mas quase todos!

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Sexo e o Corpo 


Sexo suja o corpo. Isso é unanimidade entre os adeptos. Sendo até muito respeitado hoje em dia, não que antes não fosse. Mas o que muitas pessoas associam esse “sujar corpo”, vem de uma visão moralista, como se o ato fosse algo sujo e por isso maculasse a moral de quem o pratica. Pensamento esse enraizado por "N" situações que vai desde dos pais até à própria sociedade que trata o assunto sexo ainda com delicadeza “cirúrgica”. Não é bem assim.
O ato de sujar o corpo ocorre espiritualmente, ou energeticamente, e não em níveis socio-moral. Essa visão moralista ainda é vestígio da educação cristã muito presente até mesmo em quem é do Candomblé e Umbanda.
No ato sexual há troca de energia com outra pessoa, mesmo com o uso de preservativo, fazendo com que seu corpo e o da outra pessoa não fiquem puros, não há mais somente sua energia ali, a energia de um agora é misturada com mais um. Baseado nisso, um jogo de Òpèlè, Ikin ou até mesmo búzios, captariam uma energia misturada ou a mediunidade da pessoa que joga não sentiria de maneira pura. Daí também o porque do resguardo de atos sexuais 24 ou 12 horas antes de ocorrer um ebo, incorporação e/ou outros ritos litúrgicos: necessidade de sua energia pura para o Òrìsà. Você é um templo para o seu Òrìsà. Você é um altar para seu santo.
Essa relação sexo e religião é o que escandaliza muita gente quando o assunto é zelador que se relaciona com ìyáwo fora do barracão(Namoro ou casamento). O primeiro argumento é: a pessoa que mantém relação com você vai mexer em seu orí e em seu òrìsà? Isso pode destruir sua vida espiritual. Definitivamente não é correto? – Dizem.
Mas aí pensamos: Tantos são os casais onde o zelador(a) mantém uma relação até legal, casados no papel, com sua(seu) ìyáwo e a vida deles prospera perfeitamente. Claro que ainda sobra o argumento: mas lá na frente o òrìsà dá uma rasteira!!
Um assunto bem cabeludo ainda para a sociedade candomblecista debater. Mas geralmente o sexo entra como grande empecilho para haver esta união.



É sempre bom lembrar que não há pecados na tradição antiga Yorùbá, há sim atos que podem levar a contaminação de sua energia. Pecado é uma ideia judaico-cristã, (do original grego “hamartia”) significa ERRAR O ALVO, falha em atingir a marca, falha em alcançar a finalidade para a qual se foi criado e neste caso o alvo: viver de acordo com as diretrizes imposta por Deus aos Israelitas.

A BEBIDA ÁLCOOLICA

E o álcool sua o corpo como falam?
Fato curioso o de alguns Oluwo ou Bàbálawo não terem e nem precisarem do corte de álcool, na visão de alguns nigerianos o álcool não suja o corpo. Já aqui no Brasil ainda há a visão moralista em relação a isso. Claro que aqui não falo de bebuns realizando atos religiosos, não misturar as coisas.

Na visão Yorùbá até mesmo a má língua, lugares, objetos podem sujar o corpo. Lembrando, não sendo uma questão moral, mas uma questão energética-espiritual. Um exemplo é um feitiço nigeriano antigo que pede areia ou terra de onde houve algum acidente com muita morte. Esse feitiço é para atormentar o sono da outra, partindo do princípio que ali onde houve as mortes se tornou um lugar com muitas energias caóticas misturadas.
Para a limpeza do corpo além desse período de tempo é indicado um banho chamado de omi èrò. Esse termo em Yorùbá significa: água que acalma, ou água calmante!
SÉRGIO PEREIRA/KAJAIDE
ORIENTADOR ESPIRITUAL
ANO DE ÒGUN E YEMANJÁ
"EU FAÇO!"

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