segunda-feira, 8 de junho de 2015

O VALOR DO PANO DA COSTA.

 
 
SOBRE O PANO-DA-COSTA!

 (por Mãe Stella de Oxóssi)

O pano-da-costa é a peça de maior significado para uma iniciada na  religião dos Òrìṣà, a qual deverá saber usá-lo corretamente, conforme a ocasião. Em primeiro lugar, é necessário que a mulher saiba escolher, adequadamente, o tecido para a confecção da referida peça. Este deve  ser de boa consistência, lembrando os tradicionais panos africanos.
É errado e antiestético pano-da-costa feito de panos leves, como a seda.
O pano-da-costa de tecido liso, deve ser de cores claras: branco, rosa suave,  bege, azulzinho... Nada de cores berrantes! O pano-da-costa pode ser de listras, quadros, a exemplo dos tradicionais modelos nigerianos, de nossas ancestrais. Pano-da-costa estampado, de cor forte, fino, causariam risos e  "diz-que-diz" entre as nossas avós.
O uso do pano-da-costa tem a ver com a ocasião. As diferenciações, em geral, dizem respeito às Ẹ̀gbó̩n, em virtude da bata. Lembro-me, com saudade, das senhoras antigas dando verdadeiras aulas sobre a referida peça do
vestuário feminino. Se não segurarmos esses ensinamentos, quem perde é a história. Pano-da-costa na cintura ou no peito, é demonstração de trabalho: usa-se desta maneira nas festas no Barracão e durante outros
rituais. Enfim, quando em função religiosa. Caso contrário o pano-da-costa é jogado no ombro direito, sendo este o uso tradicional adotado pelas africanas no dia a dia delas. Ao sentar-se, a Ẹ̀gbó̩n o coloca no colo.
O uso do pano-da-costa é obrigatório no Àṣẹ: saia, camisu e pano-da-costa são inseparáveis. A Iyawó vestida de saia, camisu, mas sem o pano-da-costa deixa muito a desejar. Iyawò não usa o pano na cintura, mas, sim, enrolado no peito. E a Ẹ̀gbó̩n que se compreenda e quiser dar o exemplo às Àbúrò, deve usar o pano-da-costa em qualquer ato litúrgico, a começar pela cozinha,
pois cozinhar para uma divindade é um importante ato sagrado.
O pano-da-costa é a peça feminina de maior significado histórico.
Em conjunto com o torso, faz parte do vestuário da africana, sobrevivência da Terra Mater, já que a saia, camisu e anáguas são heranças europeias,  de séculos passados.
 
SÉRGIO PEREIRA/KAJAIDE
ORIENTADOR ESPIRITUAL
ANO DE ÒGUN E YEMANJÁ
"EU FAÇO!"

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