CARTA DE FREUD PARA A MÃE DE UM HOMOSSEXUAL.
Certa vez,
a mãe de um jovem homossexual escreveu uma carta a Freud com a intenção de que
seu filho fosse “curado” pelo psicanalista. Eis a resposta que – apesar de ter
mais de 80 anos – parece ainda igualmente válida para os nossos dias:
19 de abril de 1935
“Minha
querida Senhora,
Lendo a
sua carta, deduzo que seu filho é homossexual. Chamou fortemente a minha
atenção o fato de a senhora não mencionar este
termo na informação que acerca dele me enviou. Poderia lhe perguntar por que
razão? Não tenho dúvidas que a homossexualidade não representa uma vantagem, no
entanto, também não existem motivos para se envergonhar dela, já que isso não
supõe vício nem degradação alguma.
Não pode ser qualificada como uma doença e nós a consideramos como uma
variante da função sexual, produto de certa interrupção no desenvolvimento
sexual. Muitos homens de grande respeito da Antiguidade e Atualidade foram
homossexuais, e dentre eles, alguns dos personagens de maior destaque na
história como Platão, Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci, etc. É uma grande
injustiça e também uma crueldade, perseguir a homossexualidade como se esta
fosse um delito. Caso não acredite na minha palavra, sugiro-lhe a leitura dos
livros de Havelock Ellis.
Ao me perguntar se eu posso lhe oferecer a minha ajuda, imagino que
isso seja uma tentativa de indagar acerca da minha posição em relação à
abolição da homossexualidade, visando substituí-la por uma heterossexualidade
normal. A minha resposta é que, em termos gerais, nada parecido podemos
prometer. Em certos casos conseguimos desenvolver rudimentos das tendências
heterossexuais presentes em todo homossexual, embora na maioria dos casos não
seja possível. A questão fundamenta-se principalmente, na qualidade e idade do
sujeito, sem possibilidade de determinar o resultado do tratamento.
A análise pode fazer outra coisa pelo seu filho. Se ele estiver
experimentando descontentamento por causa de milhares de conflitos e inibição
em relação à sua vida social a análise poderá lhe proporcionar tranqüilidade,
paz psíquica e plena eficiência, independentemente de continuar sendo
homossexual ou de mudar sua condição.”
Sigmund Freud
O primeiro
ponto que salta aos olhos é como Freud estava à frente do seu tempo. Esta carta
foi escrita em 19 de abril de 1935. Mas você sabia que a homossexualidade ainda
era considerada uma doença pela Organização Mundial da Saúde até 17 de maio de
1990?
Isso
mesmo! Até 1990!
Como
podemos ler na carta do pai da psicanálise, ele diz: “não pode ser
qualificada como uma doença e nós a consideramos como uma variante da função
sexual, produto de certa interrupção no desenvolvimento sexual”. No original, em inglês, a frase é a seguinte:
“Homosexuality is
assuredly no advantage, but it is nothing to be ashamed of, no vice, no
degradation, it cannot be classified as an illness; we consider it to be a
variation of the sexual function produced by a certain arrest of
sexual development”.
SÉRGIO PEREIRA/KAJAIDE
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