segunda-feira, 29 de setembro de 2014

SÀNGÓ - O REI DE OYÓ

Sàngó
Sérgio Pereira
 
Kawó kabiyèsílé! –“Venham ver o Rei descer sobre a terra!” ou “Salve a Vossa Majestade na terra!”
 
 
 
A Nação Nagô religiosa aqui no Brasil está em festa nestes dois dias (29 e 30) finais de Setembro, ou melhor, todo este mês é dedicado a SÀNGÓ (SÒNGÓ) o Rei de Oyó.
Talvez estejamos diante do Orisá mais cultuado e respeitado no Brasil. Isso porque foi ele o primeiro deus iorubano, por assim dizer, que pisou em terras brasileiras. É, portanto, o principal tronco dos candomblés do Brasil. Sàngó é o rei das pedreiras, Senhor dos coriscos e do trovão, da justiça e da política. Traz consigo na sua egrégora as virtudes de guerreiro, bravo e conquistador.
Sàngó também é conhecido como o Orisá mais vaidoso, entre os deuses masculinos africanos. É monarca por natureza e chamado pelo termo Oba, que significa rei ou senhor.
E é o Orisá que reina em Oyó, na Nigéria, antiga capital política daquele país. No dia a dia encontramos Sàngó nos fóruns, delegacias, ministérios políticos, nas lideranças de sindicatos e assemelhados, nas campanhas políticas, enfim, em tudo que gera habilidade no trato das relações humanas ou nos governos, de um modo geral. Sàngó é a ideologia, a decisão, à vontade, a iniciativa. Também é a rigidez, a organização, o trabalho, a discussão pela melhora, o progresso cultural e social, a voz do povo, o levante, a vontade de vencer. Sàngó é a capacidade de organizar e pôr em prática os projetos de diferentes áreas é a reunião de pessoas, para discutirem pontos e estratégias de trabalho. Sàngó também é o sentido de realeza, a atitude imperial, monárquica. É o espírito nobre das pessoas, o chamado “sangue azul”, o poder de liderança. Ele está presente nos trabalhos de jornalistas, escritores, advogados, juízes, promotores, delegados, investigadores, deputados, senadores, vereadores, sindicalistas, líderes comunitários, administradores, etc. É o líder, o monarca, o reformador.
A natureza Sàngó também é representada pela pedreira. É a pedra – seja ela qual for – a rocha, o fogo interior da terra. É a lava do vulcão e é o próprio vulcão. Está presente em todos os lugares rochosos e arenosos e também muito ligado ao calor do sol. É o justiceiro da Natureza, aquele que harmonizar o que foi desarmonizado que erroneamente o povo entende como castigo É  da força desse Orisá que se entende – “O BEM COM MUITO BEM SE PAGA, O MAL COM MUITA JUSTIÇA SE PAGA”. Sàngó está presente em muitos momentos importantes de nossas vidas, como, por exemplo: na assinatura de contratos e distratos, nos telegramas, nas leis e decretos, na confecção de códigos, livros, almanaques, dicionários, nas decisões judiciais, na voz da prisão, na autoridade do professor, do policial, do juiz, do pai ou da mãe, tio, avô, irmão mais velho ou responsável. Sàngó é a atitude digna, a fortaleza, a decisão final.
Ainda na natureza encontramos Sàngó no ribombar dos trovões, pois ali está sua voz. Sentimos sua presença nos raios e trovões das grandes tempestades, situações que, por sinal, são também regidas por Iansã.
Como tudo que acontece no universo, também as práticas religiosas sofrem avanços modernos se adaptando aos avanços da Ciência e evolução da raça humana. Sem perder as bases sólidas da fundamentação das raízes, tradição, cultura e religiosidade o culto aos Orisás vai progredindo em uma nova visão e entendimento do sentido de suas práticas, aparando as arestas da fantasia, da superstição e da ignorância. Dentro desta ótica encontramos os jovens adeptos do Candomblé e da Umbanda se colocando dentro desta vanguarda evolutiva e ai está à presença de Sàngó. É bom lembrar que todos os Orisás se subdividem em várias “qualidades” que vão se diferenciar em seus arquétipos. Neste caso, particularmente, temos:
ALUFAN: É idêntico a um Airá. Confundido com Oxalufan. Veste branco e suas ferramentas são prateadas.
ALAFIM: É o dono do palácio real, governante de Oyó. Ligado a Oxaguian.
AFONJÁ: É o dono do talismã mágico dado por Oyá a mando de Obatalá;Come com Yemanjá sua mãe. Patrono de um dos terreiros mais tradicionais e antigos da Bahia, o Axé Opô Afonjá, é o Xangô da casa real de Oyó.
AGANJU: Veste marrom, Xangô guerreiro, feiticeiro, estreita ligação com Yemanjá e os Ogbonis
AGODO: Aquele que usa dois Oxês.Veste marrom, ligado a Yemanjá.
BARÚ: Veste-se de marrom/preto. Ligação com Yemanjá em Tapá e Exú, o único que não pode comer amalá
OBAIN: veste-se marron e ligado a Oyá
ORANFÉ: É o justiceiro, reto e impiedoso, que mora na cidade de ifé.
OBALUBÉ: è o grande rei, ligado a Oba, Oxun e Oyá.
OS SÀNGÓS AIRÁS
Aqui se abre um capitulo a parte, pois os Airás são mais velhos, fazem parte da família real da dinastia Ifé/Oyó, suas contas são brancas rajadas de vermelho ou marron.
AIRÁ INTILÈ: Veste branco/azul claro, aquele que carrega Lufan nas costas
AIRÁ IGBONAM: É considerado o pai do fogo, tanto que na maioria dos terreiros, no mês de junho de cada ano, acontece a fogueira de Airá, rito em que Ibonã dança sempre acompanhado de Iansã, dançando e cantando sobre as brasas escaldantes das fogueiras.
AIRÁ MODÉ: É o eterno companheiro de Oxaguiã, só veste branco e não come dendê (só um pingo) sua conta leva seguí.
AIRÁ ADJAOSÍ: Velho guerreiro, veste branco, ligado a Yemanjá.
Poderemos encontrar vários nomes/títulos ainda para o mesmo Xangô: Olorokè; Jakutá; Dadá; Ajaká; Oronian; Orugã; Baáyanì  seria seu irmão e um quinto Airá chamado  Detá.
Aqui outro parenteses tem que ser aberto pelo fato de se tratar de AXABÓ, um Orixá feminino da família de Sàngó,- Cultuada nas grandes casas matrizes baianas, Orisá pouco conhecido pelos não iniciados. No entanto, está eternizada numa bela escultura do famoso artista Caribé.
As principais datas que se encontram as homenagens ao ORISÁ SÀNGÓ é 29 de junho, 29 e 30 de setembro. Mas é claro que ele sempre pode ser homenageado em qualquer tempo do ano, e isso segue as datas em que o iniciado fez a “feitura”, “assentamento” de seu Orisá.
 
Sérgio Pereira
Orientador Espiritual
 
 
 

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