sexta-feira, 21 de novembro de 2008

HISTÓRIA DA UMBANDA

CENTENÁRIO DA RELIGIÃO UMBANDA 1908-2008.

CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS, PADRE GABRIEL MALAGRIDA E UMBANDA.

Pesquisa feita pelo Prof. Sérgio Pereira/Kajaide
Palestra proferida na Sessão Mediúnica de 22/11/2008.

Caboclo das Sete Encruzilhadas (espírito) foi desta entidade a autoria da mensagem transmitida em sessão da
Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro (então sediada em Niterói), a 15 de novembro de 1908, por intermédio da mediunidade de Zélio Fernandino de Moraes, no distrito de Neves, em São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro.
Naquela ocasião, tendo o dirigente determinado que Zélio ocupasse um dos lugares à mesa. Nessa época Zélio possuia apenas 17 anos de idade. Em determinado momento dos trabalhos, tomado por uma força desconhecida e superior à sua vontade, contrariando as normas que impediam o afastamento de qualquer um dos integrantes da mesa, Zélio levantou-se e disse: "Aqui está faltando uma
flor!", retirando-se ato contínuo da sala. Retornou em poucos momentos, trazendo uma rosa, que depositou no centro da mesa. Esse gesto causou um princípio de polêmica entre os presentes. Restabelecida a "corrente", manifestaram-se, em vários dos médiuns presentes, espíritos que se identificaram como de indígenas ou caboclos e de escravos africanos. O dirigente dos trabalhos convidou esses espíritos a se retirar advertindo-os acerca do seu (deles) atraso espiritual.
De acordo com entrevista do próprio Zélio, nesse momento ele sentiu-se novamente dominado pela estranha força, que fez com que ele falasse, sem saber o que dizia. Ouvia apenas a sua própria voz, perguntando o motivo que levava o dirigente dos trabalhos a não aceitar a comunicação daqueles espíritos, e porque eram considerados "atrasados" apenas pela diferença de cor ou de classe social que revelaram ter tido na última encarnação.
Seguiu-se um diálogo acalorado, e os resposáveis pela mesa procuraram doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que estaria incorporado em Zélio, desenvolvendo uma sólida argumentação. Um dos médiuns
videntes perguntou então:
"-Afinal, porque o irmão fala nesses termos, pretendendo que esta mesa aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados, são claramente atrasados? E qual é o seu nome, irmão?"
A resposta de Zélio, ainda tomado pela misteriosa força, foi:
"-Se julgam atrasados estes espíritos dos pretos e dos índios, devo dizer que amanhã estarei em casa deste aparelho (o médium Zélio), para dar início a um culto em que esses pretos e esses índios poderão dar a sua mensagem, e, assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E, se querem saber o meu nome, que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim."
O médium vidente insistiu, com
ironia: "-Julga o irmão que alguém irá assistir ao seu culto?" Ao que a entidade respondeu: "- Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei!"
Ainda de acordo com o relato de Zélio, no dia seguinte, a
16 de novembro, na residência de sua família, na rua Floriano Peixoto n° 30, em Neves, ao se aproximar a hora marcada, 20 horas, já ali se reuniam os membros da Federação Espírita, visando comprovar a veracidade do que havia sido declarado na véspera, alguns parentes mais chegados, amigos, vizinhos, e, do lado de fora da residência, grande número de desconhecidos.
Às 20 horas, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas, declarando que, naquele momento, se iniciava um novo culto em que os espíritos dos novos e velhos africanos, que haviam servido como escravos e que, desencarnados, não encontravam campo de ação nos remanescentes das seitas negras e os índios nativos do Brasil poderiam trabalhar em benefício dos seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social. A prática da
caridade (amor fraterno), seria a tônica desse culto, que teria como base o Evangelho (a mensagem, a boa nova) de Cristo e como mestre supremo, Jesus, o Crístico.
Após estabelecer as normas em que se processaria o culto, deu-lhe também o nome, anotado por um dos presentes que ouviu como Allabanda, mas depois foi confirmado como Aumbanda, que em
sânscrito (língua morta da Índia), pode ser interpretada como "Deus ao nosso lado" ou "o lado de Deus". Vindo mais tarde se popularizar como Umbanda.
Fundava-se, naquele momento, a
Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, assim denominada "porque assim como Maria acolhe o filho nos braços, também seriam acolhidos, como filhos, todos os que necessitassem de ajuda ou conforto".
Após responder, em
latim e em alemão, às perguntas de sacerdotes ali presentes, o Caboclo passou à parte prática da sessão, promovendo a curas, passes e
Estava fundada a Umbanda no Brasil. Anos mais tarde, o dia 15 de novembro, seria considerado como Dia Nacional da Umbanda.
Dez anos mais tarde, o Caboclo das Sete Encruzilhadas declarou que a iniciava a segunda parte de sua missão: a criação de sete templos que seriam o núcleo a partir do qual se propagaria a religião de Umbanda. A tarefa ficou completa com a fundação do sétimo templo de Umbanda, a
Tenda São Jerônimo (a Casa de Xangô), em 1935.
A entidade trabalhou até meados da
de 1975, quando em outubro Zélio Fernandino de Moraes faleceu, aos oitenta e quatro anos de idade.


QUEM FOI O CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS?
Foi o padre jesuíta GABRIEL MALAGRIDA.
Ainda pequeno, na cidade de Menaggio, no Norte da Itália, aprendeu com o pai Giácomo e a mãe Angela, o dom da caridade. O patriarca era médico de renome. Filho de uma prole de onze herdeiros. Mas a maior missão do Padre Gabriel Malagrida estava para ocorrer na terra dos brasis, o nosso Brasil, em especial no Piauí, Maranhão, Ceará, Paraíba e Pernambuco.
Dizia Malagrida: ‘‘Aos povos de Itália não cansam meios de chegar à salvação; além-mar, pelo contrário, inúmeras nações jazem ainda nas trevas da idolatria: vamos acudir a essas almas desamparadas’’. Com esses argumentos, Gabriel Malagrida convenceu o Bispo Geral dos Jesuítas a virar missionário nas Américas. Assim, trocava os estudos avançados de teologia e literatura pela catequese dos índios. Saiu de Lisboa e desembarcou em São Luís do Maranhão no final do ano de 1721. Foi missionário indígena entre 1723 e 1729. Percorria as matas a pé, vestido com a batina preta típica dos jesuítas. antiga Aldeias Altas. Nesse lugar, Malagrida passou em 1726 para catequizar os Guanarés, etnia desaparecida do Maranhão. Em 1729, Malagrida foi retirado da missão indígena e levado para São Luís.
A vida na capital não sossegou o padre. Em São Luís, iniciou nova etapa de sua jornada: a de missionário popular. Ao invés de índios, cuidava agora dos brancos, moradores da periferia. O povo passou a tratar Malagrida como ‘‘o profeta’’. Carregou esta fama para sua grande viagem missionária, iniciada em julho de 1735 do Maranhão até a Bahia. Em fevereiro de 1744, fazia missão no povoado de Várzea Nova, no interior da Paraíba. Hoje não há mais as curas providenciais do padre, porém quem adoece é atendido no posto de saúde de nome Gabriel Malagrida. Na frente, há uma enorme estátua de cimento do jesuíta Padre Gabriel Malagrida, que usando o pseudônimo de CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS fundou da Espiritualidade Maior a religião denominada UMBANDA.
Em janeiro de 1754 Gabriel Malagrida embarcou para Lisboa certa de que conseguiria mais recursos para suas obras no Brasil. Enganou-se, embarcou para a morte. Famoso na corte por seu carisma de pregador, o padre Malagrida era o confessor da rainha, o que despertava ciúmes de poderosos emergentes como Sebastião José de Carvalho, o Marquês de Pombal. Quando a rainha morreu, em 1754, Pombal virou primeiro ministro de Dom Jose I e iniciou perseguição sistemática contra Malagrida. Irritou-se profundamente quando, após o terrível terremoto de Lisboa de 1755, o religioso escreveu panfletos associando a tragédia às maldades da corte. Pombal não se conteve. Conseguiu que Malagrida fosse mandado para a cidade de Setúbal. Em 3 de setembro de 1758, o rei D. José sofreu atentado quando voltava de uma farra noturna. O Marques de Pombal arranjou testemunhas para envolver o padre Malagrida no caso. No dia 9 de janeiro de 1759, Malagrida foi preso por crime de lesa majestade. Entregue à
Inquisição de Lisboa e após um processo, considerado por vários historiadores de algo grotesco, o padre jesuíta GABRIEL MALAGRIDA, agora já bastante velho foi acusado de herege e posteriormente foi condenado ao garrote e fogueira no auto-de-fé de 21 de Setembro de 1761, tendo sido queimado no Rossio, a praça principal de Lisboa.
Ainda no século XVIII, na Espiritualidade Maior, espíritos abnegados ligados a Terra de Pindorama, País de Arabutã, Terra de Santa Cruz, o nosso Brasil já preparavam a ordem religiosa que seria genuinamente brasileira e que se conheceria mais tarde com o nome de UMBANDA.
Sérgio Pereira/Kajaide
Orientador Material
Ano de Ógùn/Marte
"Avante! Sempre em Frente!"

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